segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um pouco de história...com Ondalva Serrano



A RBCV, como conceito e proposta de ação difusora da visão sistêmica de nossa realidade multidimensional, do uso de abordagens transdisciplinares para ampliação da capacidade dessa leitura de mundo, em processo constante de mudança e das ações recomendadas de intervenção co-responsável dos seres humanos  em seu meio, é fundamental para se corrigir e assegurar a continuidade da vida humana neste planeta.

Ao mesmo tempo ela estimula a construção de políticas publicas de conscientização humana, social e ambiental, abrindo espaços educadores e conscientizadores, com suas linhas de ação reveladoras das leis que regem a biodiversidade e dão suporte às interações entre os setores: publico privado e sociedade civil organizada para a co-construção do coletivo sustentável.

Para mim a RBCV representou uma grande escola de vida, reveladora dos grandes potenciais do universo, em suas dimensões do macro ao microcosmo e de como a compreensão dessa interação em redes distribuídas em nosso contexto local ajudam o ser humano a descobrir seu programa potencial de ser criativo e co-construtor de si e de seu meio socioambiental.


Creio que para todos que conviverem com a RBCV o exercício prático de sua missão, vai representar a oportunidade constante de aprendizados das ações interativas responsáveis pela autoconstrução humana e a co-construção de seus meios socioambientais sustentáveis.


    O processo formador da RBCV, na década de noventa, deu um novo rumo à minha vida pessoal, social, profissional e cidadã. Estando diretora de agricultura e abastecimento da Prefeitura de São Roque na primeira gestão municipal, resultante do movimento das “Diretas Já”, onde pudemos de 1983 a 1992 contribuir com a implantação do programa municipal de sustentabilidade local; onde nosso setor envolvia o sistema de horta municipal para a produção de alimentos orgânicos responsável pelo abastecimento de toda a alimentação escolar do município, então com cerca de 70 mil habitantes; organização e condução da feira direta do produtor ao consumidor aos domingos; o serviço de extensão rural com posto de monta e inseminação artificial em bovinos para ampliar a capacidade de produção de leite para a população local; e a primeira escola municipal de agricultura orgânica para crianças do ensino fundamental. 


      Ao ser convidada para fazer parte da equipe da RBCV, que se estruturava nos espaços do IF/SMA no final de 1993, pude vivenciar o processo de estruturação e organização das linhas de ação, pensadas pela equipe, para essa importante figura da UNESCO; paralelamente nos foi dada a oportunidade de conceber uma  proposta metodológica do curso de Práticas Agroflorestais e participação Juvenil -  O caso de São Paulo a pedido da FAO /ONU para a RBCV em fase de estruturação e formalização; a não implementação deste Programa pelo governo do estado de São Paulo, na ocasião, nos levou a focar a atenção na proposta da UNESCO de Paris apresentada para a RBCV no ano seguinte, solicitando a construção de proposta metodológica para a formação ecoprofissional de jovens do ensino médio para sua preparação para o ecomercado de trabalho em fase de identificação e fortalecimento.

Estes desafios trazidos por estas oportunidades me possibilitaram integrar as experiências vividas nos 10 anos de ESALQ como professora docente a tempo integral, com as vivencias da prática na política publica municipal de São Roque, de busca da sustentabilidade local; política esta traduzida pelos investimentos em produção e abastecimento de alimentos orgânicos, para a alimentação escolar e das famílias pela compra direta; ações estas geradores de maior nível de saúde da população ao lado de investimentos em acesso á educação para todas as suas comunidades. 

Desta forma minha vida ganhou mais sentido. Transitar pelas capacitações de equipes intersetoriais dos municípios que passaram a integrar a Rede do PJ- Meio Ambiente e Integração Social, ao lado dos estudos de mercado, identificando em cada região os potenciais locais de ecomercado de trabalho e de consumo forneceu instrumentais mais eficientes de intervenção nos meios socioambientais; eles foram a base para as ações que hoje desenvolvo de capacitação de equipes intersetoriais para se motivarem pela autoformação como ecoprofissionais, ou seja, ser humano que constrói seu perfil ecoprofissional em respeito ao seu programa genético de ser humano criativo, autoconsciente e autotransformador de si e de seu meio; em assim fazendo tornam-se mais produtivas e realizadoras as suas participações nos programas de políticas publicas de sustentabilidade local em seus municípios (Ondalva Serrano).


Ondalva Serrano é formada em Agronomia (ESALQ/USP), com especialização em Agronomia para o Desenvolvimento Integral (Centre International de Hautes Ètudes Agronomiques/França) e Doutorado em Agronomia (USP).Integrou o grupo de trabalho responsável pela criação do Programa de Jovens - Meio Ambiente e Integração Social (PJ - MAIS) principal linha de ação da RBCV. É consultora em educação integral e formação ecoprofissional de jovens; conselheira da AAO – Associação de Agricultura Orgânica e do Instituto Auá, responsável pela coordenação da Rede do PJ-MAIS.
  

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